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Passei, não com muita velocidade. As lombas colocadas em algumas passadeiras que atravessam a principal rua da localidade de Chão da Parada a caminho de Salir do Porto e o estado avançado da gravidez da Tânia não deixavam ir mais depressa. Ainda assim, passei suficientemente rápido para que o carteiro que distribuía o correio, ficasse com cara de idiota a olhar para o carro, depois de eu ter aberto o vidro lateral e lhe ter autenticamente gritado com extrema alegria – “Sete, sete... sete... dia sete!”. A Tânia voltou a cabeça para trás e verificou isso mesmo, que o carteiro ficou parado a olhar, acompanhando o movimento do carro e a tentar perceber o que se passava com cara de quem denotava uma surpresa desmedida. Verifiquei o mesmo nas limitações que o espelho lateral me permitia ver enquanto conduzia, fazendo nova travagem para passar outra passadeira lombada. Perante tal espontaneidade da minha parte, que tinha a ver com a conversa que vínhamos tendo, riamos muito, muito, mesmo. “Sete, sete... sete... dia sete! E a cara do homem sem saber o que se estava a passar.
Tinham-nos comunicado à pouco no serviço de consultas externas de obstetrícia do Centro hospitalar Oeste Norte das Caldas da Rainha (CHON) que a Alícia ia nascer no dia sete de Novembro de parto provocado por terminar o tempo de gestação aproximadamente por essa altura. No meio do nervosismo, estava muito contente, de tal forma que, mais tarde, reconheci, esse contentamento, ter sido algo exagerado uma vez que a Tânia poderia ter problemas. A bebé não tinha dado a volta, ou melhor, tomou balanço a mais e em vez de fazer o pino, deixou-se levar pela inércia voltando à posição inicial – uma artista! Mas, como não há nada mais maravilhoso no mundo, deixei-me fluir e expressar o que até aí, se calhar, ainda não tinha conseguido exprimir de uma forma mais aberta.
A Alícia nasceu no dia 1 de Novembro, passados apenas dois ou três dias depois da médica ter marcado o nascimento como se marcasse na agenda o dia e a hora para efectuar uma tarefa como ir ali aos correios enviar um bilhete postal – Cá para mim podia ter marcado a seis ou a oito, era o buraco que a médica tinha na agenda.
A cesariana correu muito bem, embora os sinais para ter nascido de forma natural estivessem lá – A Tânia tem uma tremenda dor nas costas que não aguenta mais! – disse. O médico da urgência da obstetrícia daquela manhã, sorriu – O senhor trouxe as roupas para a bebé e para a mãe? – Esta pergunta foi a resposta que obtive à indicação que dei sobre a incomodativa dor que a Tânia tinha nas costas e que não lhe dava posição para estar quieta durante muito tempo. Por acaso tinha levado tudo. O malote estava, na realidade, pronto há algum tempo e acompanhava-nos para todo o lado na mala do carro. Isto nunca se sabe! A complicação, mesmo, foi a bebé não ter dado a volta para facilitar de forma natural a sua vinda, de resto tudo correu bem.
No final do dia, já sozinho em casa – a Alícia e a Tânia estavam, como é de calcular, na maternidade – resolvi fazer este blog, que na altura dei o nome de “O meu blog” no qual escrevi que, realmente, tinha sido um bom dia para nascer! E porquê um blog? Pura homenagem ao modo como nós, eu e a Tânia, nos conhecemos. Qual redes sociais, qual chats, qual quê! Filha de bloggers tinha de ter um blog, ainda que o acesso fosse restrito a quem só nós quiséssemos. Nunca fiz dele aquilo que realmente desejei, mas ainda vou a tempo. Vamos sempre a tempo.
Entretanto, pelo meio desta história e outras tantas peripécias com ela relacionadas, importa dizer que o dia 1 de Novembro de 2009 foi um dia único, maravilhoso. O nascimento de um filho marca sempre, é único, como o próprio indivíduo que nasce, como todos os outros o são. Todos iguais e todos diferentes. Cada um marca à sua maneira. Mas, a coisa que mais me marcou nesse dia logo a seguir ao nascimento da Alícia e de a ter transportado bem juntinho a mim em parte do percurso entre o bloco operatório e a maternidade foi o que a Tânia me disse antes de a levarem para a sala de cirurgia. Não, não vou aqui reproduzir a conversa, até porque há coisas que, embora bem gravadas no meu cérebro, e, especialmente no meu coração, são mesmo para ficar entre quem as disse e escutou.
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